SOBRE A ARTE DE
RESSIGNIFICAR
publicado em sociedade por Larissa Bispo
Acreditar que a nossa
felicidade depende 5% daquilo que nos acontece e 95% do que fazemos com isso e
entender que somos os únicos responsáveis pela maneira que enxergamos os
problemas e os damos outro significado.
Ultimamente estou passando por
uma das melhores e mais ricas experiências da minha vida: ressignificar. Mas o
que significa isso, de fato? Por quê em alguns momentos nos vemos obrigados a
fazê-lo?
Todos nós deveríamos tirar pelo menos quinze
minutos do nosso dia para fazer um exercício de auto-conhecimento. Não falo das
perguntas gerais como "Quem eu sou?" ou "O que eu espero da
minha vida?", mas acordar todos os dias e se perguntar "Por quais
razões eu estou aqui, onde estou, nesse momento?" ou "Como eu quero
que seja o meu dia, hoje?"
Acredito que tudo ou quase tudo que nos cerca, o
que sentimos e o que influencia nossas atitudes e decisões se resume a um só
conceito: visão. Não passar na entrevista do emprego dos seus sonhos pode
significar que você está desempregado e que sua vida profissional está acabada,
como pode ser a oportunidade para você procurar algo que se identifique mais e
te faça crescer. Terminar um relacionamento pode ser uma das piores
experiências da sua vida, o chão pode desabar aos seus pés e você pode se
sentir um lixo, abandonado e sem rumo por meses ou pode fazer disso um
aprendizado e aproveitar a maior oportunidade para se descobrir e se amar
completamente, sem depender de mais ninguém.
Isso chama-se visão.
Imagine que hoje, ao sair de casa, você resolva
sacar uma grande quantia de dinheiro no banco. Ao sair de lá, seja assaltado e
leve um tiro de raspão no seu ombro esquerdo. Ao acordar, no hospital, você
terá duas escolhas: se lamentar e vitimizar-se por ter perdido todo o seu
dinheiro ou agradecer à vida por estar bem e por aquela bala ter desviado
alguns centímetros para longe do seu coração. O significado de todo
acontecimento depende do filtro pelo qual o vemos. A visão que temos a respeito
do que nos acontece e dos nossos problemas, sejam eles grandes ou diários, é o
que define a capacidade que temos de sermos felizes.
Decepções amorosas, problemas de saúde ou
familiares, luto, fracasso profissional - tudo isso, ao serem encarados de
certa forma, podem parecer os seus piores problemas, mas podem ser a maior
oportunidade para você ressignificar a sua vida. Isso quer dizer dar um novo
significado ou um novo sentido para aquilo que acontece com a gente e, logo de
cara, vimos como o fim do mundo, algo praticamente sem solução naquele momento.
Dessa forma, esquecemos que os únicos responsáveis pelo rumo que damos à nossa
vida e às escolhas que fazemos somos nós mesmos.
Quantas vezes já responsabilizamos outras pessoas
pelo que acontece com a gente? "Eu era um ótimo funcionário e ele me
demitiu"; "Eu estudei tanto, mas o professor me deu nota baixa";
"Eu era o(a) melhor namorado(a) do mundo, mas terminaram comigo". Não
devemos nos culpar quando erramos ou quando as coisas simplesmente não dão certo,
mas devemos assumir a responsabilidade pela nossa própria vida, e,
principalmente: estar no controle dela. Conseguir enxergar que temos o poder de
encontrar a solução nos próprios problemas e entender que somente nós mesmos
somos responsáveis pela nossa própria felicidade.
Isso é a arte de ressiginificar. E digo arte porque
não é fácil, mas é possível desenvolver esse poder e ressignificar quem somos
todos os dias. É disso que precisamos. Conseguir parar, no meio da rotina, e
pensar sobre o que esperamos de nós mesmos e como vamos lidar com nossas
próprias decisões e incompreensões. Enxergar a vida da forma que queremos
vê-la. Saber que todos os dias são diferentes e que podemos fazê-los serem
bons, mesmo quando não são. Entender que errar é inevitável, mas é
imprescindível tirar algo bom do erro, para acertar depois. Aceitar que nem
sempre somos responsáveis pelo resultado das nossas escolhas, mas somos capazes
de tornar nossas próximas ações meios para que o que não deu certo não se
repita.
Teóricos mencionam que nossa felicidade depende 5%
daquilo que nos acontece e 95% do que fazemos com isso, ou seja, como reagimos
e qual sentido atribuímos. Sejamos capazes de nos permitir sofrer, chorar e se
arrepender, mas que o processo de lamentação seja mais curto do que é hoje, uma
vez que ele é inteiramente desnecessário. Que, de hoje em diante, possamos
praticar a maior arte que podemos aprender e buscar o que todos queremos,
independente de crença, cor ou religião: a felicidade - todos os dias. Mesmo
que tudo dê errado.
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