sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A personalidade de uma pessoa é definida pela totalidade dos traços emocionais
Quando falamos de personalidade, sempre pensamos no conjunto de traços emocionais de uma pessoa, ou seja, como ela reage emocionalmente diante de situações e comportamentos. Isso tem mais a ver quando falamos em caráter, ou seja, se aquela pessoa tem um bom ou mau caráter, como ela age diante da sociedade. No popular, é o tal “jeitão” da pessoa, ou seja, como ela percebe alguém e reage em relação ao outro.

Diferença entre personalidade e temperamento
São coisas diferentes por conceito e por evolução dos estudos da Psicologia. Quando nós falamos em personalidade, cada autor da Psicologia a define de uma forma.
Temperamento se dá como uma reação mais instintiva, biológica. Lá no começo desse estudo, quando pouca coisa se sabia das pessoas, começou-se a perguntar qual era a reação daquele indivíduo frente a determinadas características. Foi quando chegamos ao estudo do que melancólico, colérico, fleumático ou sanguíneo. Já na personalidade, temos um conjunto mais amplo [de fatores] que fala não só do jeito da pessoa ser, mas de uma série de definições de reação, característica e comportamento. É um conceito mais amplo do que o temperamento.
O que realmente significa “personalidade forte”?
Há traços nas pessoas que ficam mais evidentes. Um exemplo é quando falamos no colérico (vou usar a expressão do temperamento de novo): o que marca uma pessoa que tem esse temperamento? É alguém mais enraivecido, que reage de forma mais agressiva. Geralmente, a isso chamamos “personalidade difícil”. No entanto, a popularização desse termo é um erro de conceito.
Personalidade madura
Maturidade não é um sinal apenas de amadurecimento biológico, ou seja, se temos mais ou menos idade. Personalidade madura tem aquela pessoa que consegue viver seus processos emocionais; é aquela que tem, por exemplo, respostas adequadas para um momento, como o término do namoro. Há pessoas que, ao terminar um namoro, conseguem compreender a situação e partem para um outro relacionamento. Outras, no entanto, ficam com um sentimento de vingança e querem tirar satisfação, pois não conseguem entender emocionalmente o fim de uma relação. Diz-se, então, que essa pessoa é imatura no ponto de vista emocional, ou seja, ela não conseguiu ainda conviver e trabalhar com toda a sua emoção. Ela não consegue, por exemplo, sofrer pressão.
Entendemos que a maturidade passa por aspectos não só físicos, mas de compreensão das vivências emocionais e sociais. Nós não podemos nos esquecer de que somos seres biopsicossociais. Temos tudo aquilo que é o nosso biológico, psicológico e aquilo que é nosso convívio na sociedade. Podemos ser pessoas imaturas quando, por exemplo, não sabemos nos relacionar num grupo, conviver positivamente no trabalho, na escola ou no lazer.
O que forma a nossa personalidade?
A nossa personalidade é formada por infinitas situações, e uma delas é a nossa estrutura familiar, o berço onde nascemos, como fomos criados e inseridos na sociedade. Então, se somos pessoas muito expostas a festas e eventos, isso vai dizer se vamos nos tornar pessoas mais falantes, com um jeito mais extrovertido. Se alguém tem uma reação de birra, com uma criança que sempre busca ser agradada, percebemos que ela é um adulto que age como uma criança, ou seja, que só fica bom quando é do jeito dela, que só fica legal quando faz do jeito que ela gosta. Isso também é um traço e um conjunto de questões que vão formar a personalidade madura.
Outra questão que contribui muito para formar a nossa personalidade é a forma de aceitação do nosso “eu”. Primeiro, é preciso que nos aceitemos como somos, entretanto, hoje temos uma exigência da sociedade de seguir o modelo que ela nos impõe. Então, a primeira coisa é nos aceitarmos do jeito que somos, perfeito ou com limitações, para que nos entendamos. Temos de pensar também na aceitação daquilo que são as nossas dificuldades, mas há aqueles que não conseguem conviver com isso, o que é algo bastante complicado.
Problemas de uma pessoa imatura
Uma das maiores queixas, ao falarmos de problemas, é quando demitimos alguém. Aquele que se desliga, geralmente, é uma pessoa que tem problemas de relacionamento; não porque seja ruim tecnicamente ou não conheça aquilo que faz, mas alguém imaturo pode não conseguir se fixar num relacionamento nem estabelecer um bom vínculo no seu trabalho, pode não conseguir definir um destino profissional. É aquela pessoa que hoje faz culinária, amanhã faz desenho, depois desiste e faz administração; daqui a pouco, acha melhor abrir uma barraquinha de cachorro-quente. Mesmo assim, está sempre descontente. Esses são os principais problemas que podemos ter, porque vai chegar uma hora em que os grupos vão se fechando e a pessoa vai se sentindo muito só.
Em um relacionamento, que fatores devem ser observados para saber se o outro tem domínio sobre a sua afetividade?
Conhecer o outro é sempre um mistério. Principalmente, observar como é a sua forma de ser responsável. Ele é uma pessoa que cumpre o que diz? É alguém que se adapta fácil às situações ou tem dificuldade de mudar? Como é o humor dessa pessoa? Ela é constante ou oscila muito? Como é o afeto dela, como mostra que ama? Ela é alguém mais extrovertida? O importante é percebê-la socialmente, não só com você, porque, às vezes, existe o erro de olhar o relacionamento só “você e o outro”, mas não vivemos só “eu e o outro”, mas com amigos, com a sociedade.
Influência da razão e do sentimento
Nós podemos sempre reagir ou tomar decisões com base na razão ou na emoção. Se essa minha emoção é mal trabalhada ou mal canalizada, e eu pauto minha decisão apenas nisso, corro um grande risco de fazer algo errado. O que é importante nesse aspecto é se eu sou um ser apenas racional; e razão também é uma qualidade no ser humano. Há pessoas que são extremamente racionais, analíticas, perceptivas nesse ponto. Outras, são totalmente intuitivas. É importante observar isso, porque a razão tem uma influência, mas ela não é a única forma de reagirmos.


Elaine Ribeiro dos Santos
Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade CançãoNova.



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