quarta-feira, 21 de setembro de 2016


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A importância dos grupos: espaço de reflexão e desenvolvimento

O fato de a experiência humana situar-se sempre em grupos, fomentou a esperança de que o estudo nos permitisse descobrir as leis do funcionamento mental que regem tanto o indivíduo como a sociedade.
O grupo constitui um contexto enriquecido no sentido de proporcionar condições de prevenção e promoção da saúde, sensibiliza os participantes quanto às vivências emocionais, possibilita a expressão das tensões e sentimentos, amplia a percepção e estimula a criatividade. A técnica grupal também se mostra uma forma de intervenção para o cuidado com o sofrimento psíquico e pode auxiliar para a melhora das relações humanas.
O tema partiu de minha atuação como psicóloga e da pesquisa de mestrado, concluída em dezembro de 2008, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, que teve o apoio financeiro do governo federal através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES).
O estudo foi baseado no método qualitativo que permite observar em profundidade os fenômenos humanos a partir de uma relação entre o pesquisador e o objeto de estudo. Teve como objetivo investigar, descrever e compreender alguns fenômenos emocionais de uma equipe interdisciplinar de uma instituição filantrópica, que presta atendimentos a uma população carente na área da saúde mental infantil. Para isto foram utilizadas as reuniões semanais que eram realizadas por tal equipe e nas quais os participantes tinham o objetivo de refletir sobre suas atividades profissionais.
O grupo era formado por profissionais e estagiários, totalizando 15 pessoas, das áreas de Psicologia, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Fonoaudiologia e Educação Física. Os membros da equipe enfrentam dificuldades emocionais diárias, como angústias, inseguranças, impotências, desencontros diante das necessidades dos usuários e das limitações com o trabalho de saúde mental pública.
Atualmente, observamos um interesse e uma valorização pelos grupos e as relações entre seus membros. A mídia tem dado mais atenção a assuntos sobre trabalho em equipe, importância das relações interpessoais para a produtividade e motivação dos trabalhadores.
Observamos, também, cada vez mais o interesse pelo estudo dos pequenos grupos. O fato de a experiência humana situar-se sempre em grupos, como os familiares, os políticos, os religiosos, os terapêuticos, de trabalho, fomentou a esperança de que o estudo dos grupos nos permitisse descobrir as leis do funcionamento mental que regem tanto o indivíduo como a sociedade.
A psicanálise de grupo, referencial teórico utilizado nesta pesquisa, está cada vez mais sendo reconhecida como uma forma de compreensão e uma técnica terapêutica significativa para atingir aspectos inconscientes do ser humano.
O estudo pretende contribuir para uma compreensão mais aprofundada das relações grupais de forma a instrumentalizar trabalhos desenvolvidos em instituições diversas. O trabalho voltado para os grupos tem promovido a implementação de novas estratégias de prevenção e intervenção no campo da saúde mental, em indivíduos ameaçados e ou excluídos socialmente.
A importância dos grupos também se refere à saúde pública. Em um país como o Brasil, com tão escassos recursos econômicos e poucos profissionais, com uma quantidade enorme de pessoas desassistidas, gerando demanda por serviços de saúde, é necessário organizar e oficializar novas estratégias de atendimento. As ações neste campo devem ter como alvo grupos e não indivíduos isolados.
A criação de espaços de reflexão sobre as práticas de trabalho também deve ser uma preocupação constante das Instituições de Saúde e de Educação e fundamentar ações, incentivando as reuniões de equipe.
As pesquisas realizadas, como essa, têm contribuído para a prática com grupos psicoterápicos comunitários, institucionais e para o ensino da Psicologia na graduação e pós-graduação.

Cybele Carolina Moretto - Psicóloga, doutoranda em Psicologia pela PUCC e Membro da Diretoria da Associação Criança



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